terça-feira, fevereiro 26, 2008

Doce e amargo

Doce e amargo são as sensações que mais experimento simultaneamente em tudo.
No trabalho, na vida pessoal, na família, com os amigos e até no lazer...

Espero tudo e mais alguma coisa de uma situação e depois despenco lá para baixo porque nunca nada é como esperei.
Procurar mais de 30 pessoas e ser bem acolhida por todas fez com que as expectavtivas subissem sem limite.

Agora, em contagem decrescente, começam as verdadeiras reacções a surgir. Os medos de quem não se quer mostrar, os receios de quem teme a exposição e o pavor do julgamento e da comparação.

É bem verdade que a maioria continua com a mesma vontade e prazer no reencontro, mas não é o geral que me move, antes cada indivíduo por si só.

Pensar que algumas pessoas possam não estar em sintonia comigo é natural. Mas se o sonho foi construído com todos e cada um, cada um dos que não estiverem presentes será uma nuvem negra a pairar no horizonte.

Bem sei que a mágoa é compensada pela vontade dos que de mais longe não podem vir, mas estarão presentes em amizade, partilha e pensamento. Mas nem por isso consigo evitar as quedas às profundezas de sentimentos mais escuros e tristes.

Tenho muito medo do que possa acontecer.
Medo de baralhar emoções e sentimentos e de, na hora H, acabar por trocar tudo mostrando a mágoa a quem traz a alegria e, por causa do desinteresse de poucos, estragar a felicidade de todos.

E se o fizer, quem irá compreender?
Quantos irão julgar sem perguntar?

Quanto maior é a espera, maior é a vontade de que tudo corra a 500%, ou mais, e a decepção é inevitável.

Desculpem-me pelo pessimismo, pela euforia desmedida que acaba em desespero.
Desculpem se disse palavras que não combinavam com o momento, com a ligeireza do discurso e com a futilidade da conteúdo. Mas a ansiedade domina-me sempre.

Esta luta constante entre o máximo e o mínimo, entre o tudo e o nada é-me muito característica, mas vocês não têm de adivinhar nem de compreender.

Já sinto a vergonha.
Vergonha de chorar porque já não posso conter mais emoção, vergonha de a saudade parecer lamechice.
Vergonha de encontrar todos os que a espera me fez imaginar.
Já não são as crianças de 79 que vou olhar nos olhos, mas os homens e as mulheres que em 2008 vão reconhecer à distância a minha fraqueza, o medo e a vergonha.

Será que a tormenta que hoje não me abandona tem a ver comigo e não com eles?
Será isto o arrepio dos últimos instantes de desconhecido?
E se esta expectativa desmesurada destruir toda a magia que cresceu até agora?

Corro o risco de não aproveitar a vossa presença por razões tão menores, mas é assim que eu sou. Um aglomerado de dúvidas, sentimentos e sensações que se baralham a cada instante.

Talvez convosco o equilíbrio, que busco, surja naturalmente, entre risos e abraços, pelas memórias doces e com os planos ambiciosos.

Mesmo que me possa contradizer no momento, estar convosco e saborear-vos é tudo o que mais quero neste momento e o que de melhor poderia acontecer no meu mundo!